terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Coisa Alguma



“Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los”
                                                                                  Drummond
Coisa Alguma


Ela atirou no pai
Arrancou seu coração
Na verdade está grávida
Poderia ser pior
Traga suas coisas pra fora de casa
Eu não amo mais você
Case-se
Diga a ele quem manda em quem
Faça o que quiserem
Você não é mais  dessa família
Para ser uma mulher livre
Você precisa menstruar
Ele era tão belo
Não era?
Ele te levou ao cinema
Lhe telefonava
Cantava ao telefone
Você precisa de alguma coisa?
Não pense em amor mais
Não diga que está perdida
O sentimento não significa nada
Nem o seu
Somos apáticos nesse sistema sem Deus
Não me venha com uma nova religião
Você não tem vergonha?
Diga o que quiser
Peça pensão
Você tem filhos, não tem?
Então trabalhe
Não escute essas musicas
Não são perolas
Não dance


Fernando César

Nenhum comentário:

Postar um comentário